Administração em Enfermagem

Administração em Enfermagem

Para entendermos como funciona a Administração em Enfermagem é necessário termos compreensão a respeito dos Princípios Gerais da Administração. A função administrativa limita-se ao pessoal. Para o bom funcionamento das funções administrativas, são necessárias algumas condições denominadas princípios, onde são excluídas as ideias de rigidez abrindo espaço para a flexibilidade.

Segundo Fayol, os princípios mais utilizados são:

  • Divisão do Trabalho – divide o trabalho em tarefas mais simples, para que todos possam ter compreensão do assunto;
  • Autoridade e Responsabilidade – Toda regra precisa ser seguida para que haja o bom funcionamento do ambiente, claro que as regras podem ser discutidas para se obter melhores resultados;
  • Unidade de Comando – Cada funcionário deve receber “ordens” de apenas um chefe. Quando muitas pessoas “dão ordens” o trabalho acaba não funcionando corretamente;
  • Subordinação – Deve prevalecer os interesses da organização sobre os interesses pessoais;
  • Estabilidade do Pessoal – Todo funcionário precisa de tempo para se adaptar às novas tarefas, nenhuma tarefa deve ser dada sem que haja tempo de adaptação;

Modelo de Gestão em Organização Hospitalar

As decisões são descentralizadas, as equipes de enfermagem participam das tomadas de decisão, cada um assumindo a responsabilidade nos resultados. A maior parte das decisões que estão relacionadas à enfermagem podem ser resolvidas no próprio local da assistência, sem necessidade de envolver a gerência na tomada de decisões. Por exemplo: Um paciente queixa-se da técnica utilizada para a troca de sonda, o líder de enfermagem recebe esta queixa e encaminha ao time de assistência, que faz uma análise e toma a decisão correta para o problema.

Gestão Hospitalar
Gestão Hospitalar

Modelo Assistencial

O Sistema de Enfermagem hospitalar deve desenvolver um cuidado individual e integral baseado em evidências científicas. Neste modelo as decisões devem ser tomadas com base no julgamento clínico do enfermeiro, atendendo às necessidades do paciente e de seus familiares.

O paciente deve ser o centro do processo de cuidados, sendo integrado na tomada de decisões e no planejamento e implementação deste cuidado. Esta visão do cuidado vem da Filosofia e Ciência do Cuidar, desenvolvida por Jean Watson, que convenciona uma visão humanista com uma base de conhecimentos científicos. Sendo assim, o cuidado tem como foco a saúde e não somente a cura da doença. Portanto, neste panorama o profissional central é o Enfermeiro Assistencial, que é responsável pelo planejamento dos cuidados e a união do paciente com sua família.

Neste modelo, o Enfermeiro possui o papel de integrador, facilitador e coordenador das relações entre paciente, equipe e médicos no cuidado ao paciente.

O modelo Assistencial adotado é uma diretriz de como a organização visa atingir sua excelência assistencial.

Modelo de Educação Continuada

Este modelo tem o objetivo de dar capacitação profissional e humanizada ao atendimento, fornecendo condições de implantação do modelo assistencial e o atendimento ao paciente e ao médico.

Este modelo é descentralizado e realizado junto com a equipe de enfermagem e deve incluir um plano para atender as necessidades de desenvolvimento e capacitação de enfermeiros e técnicos.

Esta ação exigiu que fosse realizada a revisão das competências clínicas dos enfermeiros e implantação do Plano de Desenvolvimento das Competências Clínicas do Enfermeiro (PDCCE), que dentro de tantas finalidades também possui a meta de concretizar o pensamento crítico e facilitar a conexão com a equipe multidisciplinar.

O PDCCE possibilita identificar e classificar os enfermeiros conforme suas competências clínicas na prática assistencial. Este processo precisa ser liderado por enfermeiros experientes, que possuam atuação direta aos pacientes e equipes.

O trabalho de liderança desafia as pessoas a identificarem que a mudança não é tão simples, porém inevitável. Os líderes nunca devem desistir de continuar no processo de estabelecer um serviço de qualidade.

Gerência, Liderança, Supervisão e Auditoria

O trabalho de enfermagem é realizado em diferentes instituições de saúde, sejam elas públicas ou privadas, e o processo de trabalho é denominado cuidar ou assistir, administrar ou gerenciar, pesquisa e ensinar.

No trabalho gerencial, os objetivos do enfermeiro são a organização do trabalho e dos recursos humanos da enfermagem. Para que este processo seja possível são utilizados vários instrumentos próprios de gerência, entre eles: planejamento, recrutamento e seleção de pessoal, dimensionamento de pessoal, educação continuada, avaliação de desempenho e supervisão. Além claro, dos instrumentos de trabalho, como materiais, equipamentos e instalações.

Instalação Hospitalar
Instalação Hospitalar

A gerência em Enfermagem pode ser aprendida através de dois modelos:

  • Modelo racional – com foco no indivíduo e nas organizações;
  • Modelo histórico-social – centrado na abordagem clássica das práticas sociais e históricas.

O modelo racional está fundamentado na Teoria Geral da Administração (TGA), neste modelo a tarefa é interpretar os objetivos da organização e transformá-los em ação organizacional através do planejamento, organização, direção e controle dos esforços realizados nas áreas de todos os níveis organizacionais.

Neste tipo de gerenciamento, a produção voltada para a demanda é variada e pronta para atender à necessidade. Aproveita todo o tempo possível de produção que é flexível e o trabalhador polivalente.

O modelo histórico-social permite o gerenciamento de práticas sociais, este modelo é aprendido a partir das práticas em saúde, estruturadas histórica e socialmente, na busca de responder as contradições e tensões presente no cotidiano.

Sendo assim, a gerência não visa apenas a organização e o controle dos processos, mas também às necessidades da saúde da população. O processo de trabalho de enfermagem está voltado para a realização do processo de cuidar individualmente e coletivamente.

Processo de Trabalho Gerencial em Enfermagem

O processo de trabalho gerencial na enfermagem tem um papel muito importante na construção da forma como se faz saúde, voltado para as necessidades individuais e coletivas.

Neste contexto, há quatro dimensões relacionadas à atividade gerencial:

  • Dimensão Técnica – Referente aos aspectos gerais e instrumentais do trabalho, como planejamento, coordenação, supervisão, controle e avaliação, tanto dos recursos materiais quanto nos recursos humanos;
  • Dimensão Política – Articula o trabalho gerencial ao projeto que será empreendido, possui caráter político-ideológico e econômico;
  • Dimensão Comunicativa – Está relacionada com as relações de trabalho em equipe e nas relações dos profissionais com os pacientes;
  • Dimensão de Desenvolvimento e Cidadania – Está associada a uma emancipação dos sujeitos sociais, tanto os agentes presentes no processo de trabalho quanto às pessoas que utilizam os serviços de saúde.

Liderança

A prática de liderança na enfermagem em nada difere da liderança em outras áreas. Para se ter uma melhor compreensão, é necessário analisar algumas características do líder e a influência no processo de liderança:

  • Liderança como atributo de uma posição – é um conceito que implica dois termos: um agente influenciador e as pessoas influenciadas;
  • Liderança como característica de um indivíduo – são identificados os traços individuais, intelectuais, físicos e de personalidade dos líderes, esta liderança é chamada de liderança inata;
  • Liderança como parte de um grupo – é aquela que surge à medida que o grupo se forma e se desenvolve. Essa liderança é considerada situacional e a liderança é uma consequência dessa interação.

Características do Líder

Ao líder são atribuídas algumas características necessárias:

  • Planejamento das atividades em grupo;
  • Coordenação das atividades do grupo;
  • Conhecimento técnico específico;
  • Comunicação entre o grupo e o ambiente;
  • Coordenação do grupo;
  • Atribuição de punições e recompensas.

Estilos de Liderança

Existem vários tipos de liderança, abaixo você vai conhecer alguns deles:

  • Liderança Autocrática – estimula a dependência através da satisfação dos liderados, este tipo de liderança favorece a centralização de poder e diminui as iniciativas individuais, promovendo um comportamento submisso dos subordinados;
  • Liderança Democrática – leva em consideração o desenvolvimento das habilidades e capacidades de seus funcionários, assim como a qualidade do desempenho e a interação entre os indivíduos. Este líder precisa ter segurança técnica para que suas competências não sejam inferiores a de seus subordinados, evitando troca de funções sem a troca de cargos;
  • Liderança Autoritária – este líder está um pouco ultrapassado no mercado, pois ele entende que o homem é um ser preguiçoso e pouco merecedor de confiança, cada vez menos vemos líderes com esse perfil;
  • Liderança Contingencial – leva em consideração o comportamento adaptativo do líder dependendo dos elementos envolvidos;
  • Liderança Gerencial 3D –  baseada na eficácia dos estilos, existe uma integração entre os estilos de liderança com relação às situações dos ambientes específicos. Neste estilo não há líder ineficaz, isso depende da situação em que o líder atua.

O Poder do Enfermeiro e a Liderança

Não formação do enfermeiro, salvo exceções, é dada muita ênfase ao cumprimento de ordens e regras, a responsabilidade na execução das atividades e o conhecimento direcionado à assistência direta ao paciente. Na realidade essa assistência não é direta, visto que uma vez que assume as atividades administrativas, entre elas as atividades relacionadas ao pessoal de enfermagem. Desempenhando essas atividades, o enfermeiro formaliza seu papel organizacional e assume cargos de chefia.

Os manuais de procedimentos atribuem ao enfermeiro o papel de líder e a estrutura informal concede-lhe um certo poder. Sendo assim, o enfermeiro procura desempenhar este papel de acordo com as expectativas do grupo e da instituição. Desta forma, percebe-se um impasse, pois o enfermeiro fica dividido entre atender às necessidades do grupo e às necessidades dos pacientes.

O Estilo de Liderança adotado

Atendendo às necessidades do grupo de enfermagem, o enfermeiro assume um tipo de liderança democrática e participativa, mas esse tipo de liderança muitas vezes não “agrada” à organização fazendo com que o enfermeiro acabe por adotar um estilo de liderança autocrática, com isso, a equipe consegue produzir quantitativamente bem, mas com pior qualidade. Dificilmente na administração de enfermagem encontramos uma proposta de liderança bem estruturada.

Pela proposta mais atual de estilo de liderança, a contingencial, há a necessidade de o líder criar um ambiente favorável, e também conhecer as expectativas dos liderados antes de adotar um estilo de liderança.

Supervisão em Enfermagem

O supervisor passa a visualizar o ser humano, a se preocupar em compreende-lo e em ajudá-lo a desenvolver-se. A fiscalização, que antes era utilizada como meio para detecção de erros e punições, foi substituída pelo controle associado à educação.

O supervisor passou a preocupar-se com o passar do tempo com o planejamento, a execução e avaliação do trabalho, pensando sempre na melhoria e no crescimento do pessoal.

Segundo o Ministério da Saúde, “a supervisão é um processo educativo e contínuo, que consiste em motivar e orientar os supervisionados na execução de atividades com base em normas, com a finalidade de manter elevada a qualidade dos serviços prestados”.

Atividades e Objetivos da Supervisão em Enfermagem

Na enfermagem, o supervisor desenvolve atividades diversificadas como:

  • Discutir os objetivos do serviço de enfermagem;
  • Identificar as necessidades de assistência em enfermagem;
  • Planejar e desenvolver ações seguindo os critérios e prioridades definidas;
  • Avaliar a qualidade da assistência prestada;
  • Identificar a necessidade de treinamento dos funcionários;
  • Elaborar e implantar normas e procedimentos para a rotina do serviço de enfermagem;
  • Manter um sistema de informação atualizado;
  • Criar estratégias de motivação para os funcionários.

Etapas para o Desenvolvimento da Supervisão

A função de supervisão abrange três etapas: Planejamento, execução e avaliação:

  • Planejamento: Compreende a necessidade de uma ação até a decisão de quando esta ação será realizada. Sendo assim, o supervisor tem informações a respeito do que será feito no dia a dia ou até mesmo no ano todo, podendo, a partir daí prever os recursos humanos e materiais que serão necessários.
  • Execução: o enfermeiro precisa ter competência profissional, habilidade de se relacionar com as pessoas, acreditar no envolvimento dos funcionários e nas decisões referentes às rotinas de trabalho para conseguir executar com excelência seu trabalho.
  • Avaliação: o enfermeiro deve avaliar todos os resultados obtidos para oferecer subsídios, caso necessário, para refazer o planejamento das funções enquanto ela ocorre. Na avaliação devem ser levados em consideração os resultados obtidos, as atribuições dos objetivos e as técnicas e instrumentos utilizados.

Resultados de uma Supervisão Eficaz

Quando aprimora a supervisão, o enfermeiro contribui para que alguns resultados sejam alcançados. Entre estes resultados está a manutenção de um nível elevado na qualidade da assistência em enfermagem, a satisfação do paciente e de seus familiares, o reconhecimento da qualidade do serviço prestado e a manutenção de condições que propiciam o desenvolvimento e a motivação da equipe de trabalho.

Auditoria em Enfermagem

É a avaliação das atividades desenvolvidas, realizada por alguém que não esteja envolvido diretamente na execução do trabalho, para assim determinar se estas atividades estão de acordo com os objetivos traçados.

Auditoria em Enfermagem
Auditoria em Enfermagem

Auditoria Operacional

Realiza atividades voltadas para o controle das ações desenvolvidas. Concentra-se nas condições do espaço físicos, nos mecanismos de regulação e no desenvolvimento das ações em saúde.

Auditoria Analítica

Tem como base o desenvolvimento de atividades que aprofundem as análises de aspectos específicos, ou seja, voltada para a avaliação quantitativa, induzindo na qualidade das ações de saúde.

Lócus de Ação

O Sistema Nacional de Auditoria foi criado pela Lei nº 8.689 de 7 de março de 1993, artigo 6º, e regulamentado pelo Decreto-Lei nº 1.651 de 28 de setembro 1995.

Tanto a lei como o decreto têm a finalidade de preservar ao máximo os preceitos contidos nas leis 8.080/90 e 8.142/90 e na Constituição Federal.

A operação do sistema de auditoria deve ocorrer de forma descentralizada, com definição das competências de cada esfera de governo.

O Decreto nº 1.651/94 definiu que as atividades de auditoria ficam a cargo do Departamento de Controle, Avaliação e Auditoria, subordinado à Secretaria de Assistência à Saúde, do Ministério da Saúde.

O sistema deve ser integrado por uma Comissão Corregedora Tripartite, composta pela direção nacional do SUS, Conselho Nacional de Secretários Estaduais da Saúde e Conselho Nacional de Secretários Municipais da Saúde.

A cada nível do governo, cabe as seguintes competências:

Nível Federal

  1. Aplicação dos recursos transferidos aos Estados e Municípios, mediante análise dos relatórios de gestão;
  2. Ações e serviços de saúde de abrangência nacional;
  3. Serviços de saúde sob sua gestão;
  4. Os sistemas estaduais de saúde;
  5. As ações, métodos e instrumentos implementados pelo órgão estadual de controle, avaliação e auditoria.

Nível Estadual

  1. Aplicação dos recursos estaduais repassados aos municípios;
  2. Ações e serviços previstos no plano estadual de saúde;
  3. Serviços de saúde sob sua gestão;
  4. Serviços municipais e consórcios intermunicipais de saúde;
  5. Ações, métodos e instrumentos implementados pelos órgãos municipais de controle, avaliação e auditoria.

Nível Municipal

  1. Ações e serviços estabelecidos no plano municipal de saúde;
  2. Serviços de saúde sob sua gestão (públicos e privados);
  3. Ações e serviços desenvolvidos por consórcio intermunicipal ao qual o município esteja associado.

Elaboração de Instrumentos Administrativos: Manuais

Os manuais orientam a equipe de enfermagem para o desenvolvimento das atividades diárias. Eles reproduzem a estrutura formal do serviço de enfermagem.

Os manuais reúnem de forma sistêmica normas, procedimentos, rotinas e outras informações importantes para a execução das atividades de enfermagem.

Possuem a função de esclarecer dúvidas e orientar a execução de ações diárias da enfermagem, sendo considerado um instrumento de consulta.

Elaboração de Manuais

A elaboração de um manual de enfermagem pode ser simplificado em cinco etapas:

  1. Diagnóstico do problema;
  2. Identificação dos assuntos;
  3. Estruturação e organização dos instrumentos;
  4. Implantação
  5. Avaliação.

Diagnóstico do Problema

O diagnóstico é realizado com base na classificação e na análise de informações do serviço de enfermagem.

Esta etapa define quais informações serão coletadas e de que forma esse levantamento será realizado. Algumas informações são muito importantes para a formulação do diagnóstico:

  • Estrutura organizacional onde o serviço está inserido;
  • Objetivos que devem ser alcançados;
  • Ações que serão desenvolvidas;
  • Problemas enfrentados na prestação de assistência.

Com essas informações, a próxima etapa é fazer uma análise minuciosa para alcançar o diagnóstico da situação.

Identificação dos Assuntos

A partir da análise das informações coletadas, são definidos os instrumentos que devem conter no manual.

Nesta etapa, serão definidas as normas, rotinas e os procedimentos de acordo com as situações analisadas.

Estruturação e Organização dos Instrumentos

A estruturação do conteúdo do manual envolve uma sequência lógica dos assuntos abordados e a apresentação dos assuntos.

Sempre deve ser realizada uma cópia para revisão e correção de possíveis erros, apenas após a verificação é que a impressão deve ser feita. Após a elaboração do manual, ele deve ser aprovado pelos níveis hierárquicos superiores.

Implantação

Quando o manual é elaborado por toda a equipe, fica mais fácil obter aprovação, pois todos já conhecem o conteúdo e o mesmo com realizado com o aval de todos. Entretanto, caso a equipe não tenha participado da elaboração do manual de enfermagem, será necessária uma preparação da equipe para a implantação das novas normas, sendo esclarecidas as dúvidas, objetivos, conteúdo e resultados.

O manual deve ficar em um local acessível, para caso haja qualquer dúvida seja fácil ter acesso.

Avaliação

O manual deve ser sempre utilizado e com isso, deve sofrer constantes reformulações e avaliações. A atualização pode ser programada em períodos ou quando surgirem mudanças, desde que os usuários serão comunicados e orientados.

Conteúdo do Manual

O conteúdo do manual de enfermagem deve ser inserido conforme a necessidade do local onde será implantado. Pode conter:

  • Estrutura organizacional;
  • Estrutura do serviço de enfermagem;
  • Normas, rotinas e procedimentos;
  • Cuidados e diagnósticos de enfermagem;
  • Descrição das funções de cada um da equipe;
  • Quadro de funcionários.

Essas informações podem estar em apenas um manual ou inserida em manuais diferentes dependendo da necessidade de cada local de trabalho.

Critérios para elaboração do Manual de Enfermagem (H3)

Segundo a Associação Brasileira de Enfermagem, uma norma deve seguir alguns critérios:

  • Ser estabelecida por uma autoridade reconhecida, geralmente o enfermeiro da unidade;
  • Ser baseada em um princípio;
  • Descrever os objetivos e as condições para alcançar um objetivo;
  • Ser flexível, permitindo a iniciativa e o raciocínio;
  • Ser ampla e exposta de maneira clara e objetiva;
  • Ser baseada em teorias e práticas atualizadas;
  • Estar sujeito a revisões e avaliações.

Tipos de Rotina em Enfermagem

Os três tipos principais de rotina são: Coluna, Textual e Fluxograma

  • Coluna – Fornece rápida visualização das informações necessárias. É composta pelo agente (quem), ação (o quê) e observação (onde);
  • Textual – Em forma de texto, pode seguir tópicos da rotina de colunas;
  • Fluxograma – Representa em forma de gráficos as ações que serão realizadas. Pode ser vertical ou horizontal, dependendo das ações que serão realizadas.

Elaboração de Manual Técnico

Ao contrário da rotina administrativa, o manual técnico é seguido por toda a organização, pois é baseado em princípios científicos e não há modificações, independente de quem o faça.

O passo a passo precisa ser bem detalhado e explicativo para não haver dúvida a quem vai executá-lo.

O manual técnico de enfermagem deve conter as seguintes informações:

  • Nome da Instituição de Saúde;
  • Nome da Unidade de Enfermagem;
  • Título do procedimento;
  • Finalidade;
  • Material Necessário;
  • Preparo do ambiente;
  • Preparo do paciente;
  • Descrição do passo a passo;
  • Anotação no prontuário.

O manual técnico ajuda a solucionar dúvidas, porém há a necessidade de ser aliado à supervisão das atividades desenvolvidas, pois apenas com a consulta ao manual ainda podem existir dúvidas e será necessária a orientação aos funcionários da equipe.

Cálculo de Pessoal

A resolução 293/2004 fundamenta os cálculos e fórmulas para cálculo de horas na enfermagem.

Para efeito de cálculos, devem ser consideradas horas em Enfermagem:

  • 3,8 horas de Enfermagem por paciente na assistência básica ou autocuidado;
  • 5,6 horas por paciente na assistência intermediária;
  • 9,4 horas por paciente na assistência semi-intensiva;
  • 17,9 horas por paciente na assistência intensiva.

A fórmula de cálculo de pessoal segundo o Coeficiente de Marinho é:

QP=KM x Total de Horas de Enfermagem (THE)

Sendo QP = Coeficiente de Marinho (KM)

Caso seja utilizada a fórmula de Fugullin, o cálculo é:

QP= Número de leitos (% de ocupação) x Hs de Enfermagem x dias da semana

Exemplo:

Qual a necessidade de pessoal de enfermagem para uma unidade com 24 leitos de pacientes cirúrgicos em diferentes turnos, sendo 16 de cuidado intermediário e 8 com cuidados básicos? (90% de ocupação)

Usando a Fórmula do Coeficiente de Marinho:

QP= Coeficiente de Marinho (KM) x Total de horas de Enfermagem (THE)

90% de 16 leitos = 14 leitos de cuidados intermediários

90% de 8 leitos = 7 leitos de cuidados básicos.

THE = 7 leitos x 3,8 + 14 leitos x 5,6

THE 26,6 + 78,4 = 105

Número de pessoal = 0,2236 x 105 = 23,47 profissionais.

Usando a Fórmula de Fugullin:

NP = NL (% ocupação) x Hs de enfermagem x Dias da semana / JST

Onde:

NP= Número de Pessoal

NL = Número de Leitos

JST = Jornada Semanal de Trabalho

90% de 16 leitos = 14 leitos

90% de 8 leitos = 7 leitos

NP = (14 x 5,6) + (7 x 3,8) x 7 / 36

NP= 20,43

Segundo o índice de segurança técnico são acrescidos 15% de pessoal a esse total. Portanto são necessários 23 profissionais de enfermagem.

Os profissionais de enfermagem precisam ter estes cálculos no quadro operacional para assim conseguirem obter uma gestão eficaz, com propostas objetivas e metas bem definidas.

Gestão de Recursos Materiais

A Administração de Materiais visa disponibilizar os recursos necessários para obter um processo produtivo de qualidade, com quantidades adequadas, dentro do tempo correto e com um menor custo. Quando falamos em materiais, falamos em medicamentos, alimentos, materiais de escritório, de limpeza, de laboratório, de conservação e reparos, materiais de uso cirúrgico, reagentes químicos, entre outro.

Para elaborar um catálogo de matérias devem ser seguidos alguns passos:

  • Obter apoio técnico para seu uso;
  • Possuir um grupo responsável pela padronização de materiais;
  • Obter informações sobre a complexidade da rede e dos materiais utilizados, assim como as características demandas na unidade;
  • Classificar os produtos por nível de uso;
  • Selecionar os materiais;
  • Definir a utilização dos itens;
  • Divulgar as normas de utilização do catálogo;
  • Revisar o catálogo com frequência.

O estoque deve ser sempre controlado, pois é necessário ter as informações de entrada e saída de matérias, e assim evitar problemas como a falta de materiais. Além disso devem ser analisados os custos dos produtos, além de gastos com frete, seguros e impostos, que afetam diretamente no custo do material.

Uma forma de controlar o estoque é através do estoque médio, calculando-se a média dos estoques diários do produto em um período considerado. Uma forma simples para este cálculo é substituindo estoque médio do período pelo número de unidades em estoque no último dia do período considerado.

O estoque médio de um determinado item é adquirido calculando-se a média dos estoques diários de um produto no período considerado.  A forma mais simples de fazer este cálculo é substituindo o estoque médio do período pela quantidade de unidades em estoque no último período. Por exemplo: Se um hospital consome 200 caixas de soro de 500 ml por mês e possui um estoque médio de 400 caixas, o giro desse material é 0,5 no mês.

O giro inverso indica o número de períodos que são necessários para que o produto em estoque seja consumido. No exemplo acima esse valor é referente a 2 meses.

Para definir o momento da compra deve ser considerado o modelo escolhido para a renovação do estoque, sendo assim, o material pode ser comprado quando o estoque chegar a um ponto considerado mínimo, evitando assim a falta do material.

Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde

De acordo com a Resolução da Diretoria Colegiada, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária/ANVISA – RDC Nº 306, de 7 de dezembro de 2004, o gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (RSS) é constituído por um conjunto de procedimentos de gestão.

Estes procedimentos devem ser planejados e implementados a partir de bases científicas e técnicas, com o objetivo de minimizar a produção de resíduos de serviços de saúde e proporcionar aos resíduos gerados, um encaminhamento seguro, de forma eficiente, com a intenção de proteger os trabalhadores, a preservação da saúde pública e dos recursos naturais.

É necessário gerar um Plano de Gerenciamento de Resíduos de Serviços de Saúde (PGRSS) baseado nas propriedades dos resíduos gerados. O PGRSS deve ser compatível com as normas federais, estaduais e municipais, além de estar de acordo com os procedimentos de Biossegurança, referente à coleta, transporte e disposição final.

O manejo dos resíduos deve seguir algumas etapas:

  • Segregação – Separação dos resíduos no local e momento de sua geração, de acordo com as características dos mesmos;
  • Acondicionamento – Refere-se ao ato de embalar os resíduos de forma que sejam evitados vazamentos ou rupturas. Os resíduos sólidos devem ser acondicionados em sacos resistentes à ruptura e vazamento e impermeáveis, de acordo com a NBR 9191/2000 da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT);
  • Identificação – Permite o reconhecimento dos resíduos contidos nos sacos e recipientes;
  • Transporte Interno – Consiste no traslado dos resíduos do local de geração ao local destinado ao armazenamento temporário;
  • Tratamento – Consiste na descontaminação dos resíduos por meios físicos ou químicos, realizados em condições de segurança e eficácia comprovada, com a finalidade de modificar as características dos resíduos e promover redução dos agentes nocivos à saúde;
  • Armazenamento Externo – Consiste em guardar os recipientes de resíduos até a coleta externa, em ambiente com acesso facilitado para os veículos coletores;
  • Coleta e Transporte Externo – Remoção dos resíduos até a unidade de tratamento, utilizando técnicas que garantam a preservação e integridade dos trabalhadores, da população e do meio ambiente, estando de acordo com as orientações dos órgãos de limpeza urbana.

Relacionamento Interpessoal

As relações interpessoais acontecem devido ao processo de interação. Profissionalmente, os enfermeiros precisam aprender a se relacional de forma correta para evitar problemas no local de trabalho. O que deve predominar são as condições para que haja harmonia entre as pessoas e o trabalho e a base para ter um bom relacionamento é ter percepção dos nossos deveres e obrigações e das regras e limites sociais.

Também deve ser analisada a relação profissional com o paciente, pois esta relação está relacionada à qualidade da assistência realizada.

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